sábado, 21 de maio de 2011

Normas para coleta de amostras

Uma das principais atividades da Microbiologia Veterinária é a identificação de microrganismos causadores de doenças infecciosas. A fim de isolar adequadamente os agentes, as mostras devem ser obtidas e manipuladas de forma adequada, a partir do sítio real da infecção, em condições assépticas. Abaixo disponibilizo algumas normas que auxiliam para uma adequada coleta.


A coleta apropriada de uma amostra para exame e o transporte adequado para o laboratório constituem etapas criticamente importantes para a confirmação final de que um determinado microrganismo é responsável pelo processo patológico infeccioso. Uma amostra mal coletada pode resultar não só na incapacidade de se isolarem agentes importantes, mas também pode levar a uma terapia incorreta ou mesmo prejudicial se o tratamento for direcionado para um organismo comensal ou contaminante.

Ao se coletarem amostras, devem ser considerados os seguintes fundamentos:

  1. O material deve ser do local real da infecção, coletado com um mínimo de contaminação de tecidos, órgãos ou secreções adjacentes;
    • Coletar “swabs” de garganta evitando o contato com outras áreas da boca.
    • Limpar adequadamente o prepúcio nos machos quando se coleta urina via sonda. Nas fêmeas fazer a limpeza do tecido periuretral e perineal.
    • Nas vacas higienizar os tetos antes de se coletar o leite, bem como descartar os primeiros jatos.

  1. Deve ser obtida uma quantidade suficiente da amostra para se realizarem os testes necessários.
    • Na maioria das infecções bacterianas, são produzidas quantidades suficientes de pus ou secreções purulentas, de modo que o volume não deve ser um problema.
    • “Swab” seco ou com poucas secreções é inapropriado.

  1. Devem ser usados vários dispositivos apropriados de coleta, para garantir o isolamento ótimo do microrganismo.
    • As amostras para exame microbiológico deverão ser acondicionadas em recipientes limpos, estéreis e íntegros (sem perfurações, rachaduras, etc.).
    • Os recipientes devem ter tampas bem fechadas para evitar vazamentos ou contaminações durante o transporte.
    • “Swabs” em meios de transporte ou umedecidos podem ser utilizados até no máximo 48 hs após a coleta.
    • “Swabs” secos (sem meio conservador) devem ser processados imediatamente.
    • Amostras de fezes: “Swab” retal ou recipientes com tampa e boca larga.
    • Amostras de urina: recipientes com tampa e boca larga ou seringa estéril (cistocentese).
    • SNC: punção espinhal de líquido cefalorraquidiano em seringa estéril.
    • Amostras de feridas e abscessos: “Swab”, curetagem ou aspiração.
               - O local deve ser higienizado com sabão e enxaguado com solução salina estéril.
§  Infecções oculares: raspado e “swab”.
§  Amostras de escarro expectorado: frascos de boca larga bem fechados.
§  Sangue: coleta de dois locais num total de 10 mL, limpe o local com solução de iodo-álcool antes da coleta.
§  Tecidos e biópsias: recipiente vedado e estéril. Se for muito pequena a amostra pode ser colocada em um pedaço de papel filtro estéril úmido.
    • Raspados de pele para crescimento de fungos devem ser enviados secos em recipientes limpos para evitar o hipercrescimento bacteriano.
    • A coleta por aspirado com uma agulha e seringa é melhor que por “Swab”(principalmente para anaeróbios).
    • Sempre após a coleta com seringa colocar a tampa novamente na agulha ou retirar a agulha da seringa e vedar a saída com esparadrapo.
    • Quando necessário, a estocagem da amostra deve ser feita em temperatura de refrigeração (geladeira).
    • Independente do tipo de transporte, a principal tarefa é diminuir a um mínimo o tempo entre a coleta e a inoculação.

  1. Sempre que possível, obter culturas antes da administração de antibióticos.
    • A administração de antibióticos não necessariamente impede o isolamento de microrganismos de amostras clínicas.
    • Até mesmo uma amostra comprometida é melhor do que nenhuma, entretanto os resultados devem ser vistos com cautela.

  1. O frasco de cultura deve ser apropriadamente rotulado.
    • Nome do animal.
    • Fonte da amostra.
    • Médico Veterinário.
    • Data/hora da coleta.
      
  1. Enviar também a requisição devidamente preenchida.
    • As informações são úteis para se escolher a metodologia de isolamento.
    • O telefone do Médico Veterinário requisitante é importante, pois se for o caso deve-se informar imediatamente o resultado de alguns exames.

A colheita da amostra constitui a primeira fase da análise.


TIPOS DE AMOSTRAS OU PEDIDOS QUE SÃO REJEITADOS

  1. Qualquer amostra recebida em formalina.
  2. Um único “Swab” para vários fins.
  3. Solicitação em recipiente impróprio, não-estéril, ou obviamente contaminado na qual parte da amostra vazou.
  4. Quantidades muito pequenas de material (menos de 0.5 mL).
  5. Amostras com tempo de coleta muito longo e sem refrigeração.
  6. Amostra com ficha de pedido incompleta.

    • Resultados de Identificação e Antibiograma levam em torno de 7 dias.
    • Microcultivo de fungos 30 dias.